sábado, 21 de novembro de 2009

Odontologia Veterinária x Anestesia Veterinária


A odontologia veterinária é mais uma das especializações cada vez mais presente na atualidade de nossa profissão! Hoje em dia, já é clara a necessidade e a importância da saúde bucal para os cães e gatos. Seja para a preservação da arcada dentária ao longo da vida,o que ajuda muito a alimentação na fase geriátrica; seja para prevenção de doenças sistêmicas que podem se originar a partir do foco bacteriano permanente, que se constitue as bocas com doença periodontal (tártaro!). Dentre elas, posso citar como comuns as insuficiências cardíacas, por doenças valvulares causadas pela colonização bacteriana das válvulas cardíacas e; as infecções renais, causadas pelo menos motivo. Mas onde entra a anestesia nessa história toda?
Outro ponto importante a ser avaliado, são as possíveis alterações odontológicas em animais jovens. Como por exemplo, a persistência dos dentes de leite, os quais propiciam maior acúmulo de sugidades e, consequentemente, doença periodontal (tártaro e gengivite) ou, os problemas ortodônticos causados pelas más oclusões dentárias (mordida cruzada)...as quais causam dor a mastigação e muitas vezes perda de peso...Mas o que têm a anestesia a ver com tudo isso?
A anestesia veterinária é fundamental na odontologia veterinária, uma vez que todo o procedimento cirurgico, ...periodontia (limpeza de tártaro), ortodontia (colocação de aparelho) ou extração dentária necessitam de anestesia geral para sua realização, com eficiência. Infelizmente, é comum muitos "petshop´s" oferecerem "limpeza de tártaro" sem anestesia...com preço baixo. O que comunmente ocorre é, no máximo, a retirada do tártaro dos dentes incisivos e caninos (os da frente) em animais dóceis...que muitas vezes permitem, até mesmo, a extração desses dentes devido ao excesso de frouxidão dos mesmos. Porém, essa é uma limpeza ilusória, uma vez que o maior estrago ocorre abaixo da gengiva, onde fica o ligamento periodontal e onde a limpeza feita dessa forma não chega. Uma profilaxia dentária normal deve incluir a limpeza do tártaro visível e daquele que fica entre a gengiva e o dente (periodonto)...sendo esse o principal caudador da queda dos dentes. Essa limpeza exige anestesia geral, para que o paciente fique imóvel e sem sentir nenhum estímulo doloroso que posso ocorrer em decorência da manipulção dentária.
Dessa maneira, a anestesia para procedimentos odontológicos geralmente inclue técnicas de anestesia balanceada (dependendo do tipo de procedimento) e manutenção anestésica inalatória. A entubação (feita na anestesia inalatória) dificulta a aspiração de algum conteúdo liberado da limpeza, ou mesmo da água utilizada pelo equipamento de ultra-som (quando esse está disponível). Para extração dentária, pode ser utilizado tanto opióides (analgesicos potentes da classe da morfina) como bloqueios nos nervos da face responsáveis pela inervação da arcada dentária superior e inferior (parecido com a anestesia em odonto humana), fato que não descarta a anestesia geral...uma vez que o paciente precisa ficar imóvel e de boca aberta...
É claro que esse é uma procedimento anestésico que exige, na maioria das vezes, uma anestesia mais superficial (digamos "leve") quando comparada a anestesia para abertura de cavidades ou ortopedia; porém esse fato não aboli o risco inerente a todo o procedimento anestésico...como já falamos anteriormente em outras postagens.
Portanto, recomendo aos que lerem esse texto que procurem um médico veterinário especialista em odontologia (odontologista veterinário)para tratar da saúde bucal de seus animais de estimação...certemente este, se realmente especialista, terá um anestesista sempre trabalhando consigo. Além disso, recomendo que esclareçam suas dúvidas e anseios com o veterinário anestesista...afim de que fique claro os riscos e todo o funcionamento do procedimento que se pretende realizar!

abraços!

M.V. Jairo Ramos de Jesus

contato: vetjairo@gmail.com

domingo, 15 de novembro de 2009

Tamanho impede ou não a anestesia!?



Frequentemente encontro na minha rotina de trabalho alguns pacientes bem pequenos em situação crítica devido a infecções uterinas ou doenças periodontais graves por acúmulo de tártaro, só para citar 2 exemplos. Na maioria desses casos, isso ocorre devido ao medo dos proprietários em realizar uma profilaxia dentária ou uma ovariohisterectomia eletiva (castração em fêmeas) nesses animais, devido ao medo da anestesia, pois os mesmos acham que sendo seu animalzinho de estimação muito pequeno, não toleraram bem a anestesia!!
O que posso dizer, baseado em minha experiência, é que o pequeno tamanho preocupa mas não impede o procedimento....ou seja, tamanho não é documento! Tenho anestesiado animais com peso entre 1 kg - 1,5 kg para procedimentos cirurgicos diversos, e com a graça de Deus, com sucesso tanto para mim, quanto para meus colegas cirurgiões!
O que ocorre é que com o tamanho pequeno....e consequente, pouca massa corporal, as alterações anestesicas (troca de planos...aprofundamento anestésico...superficialização e etc.) ocorrem de maneira muito rápida ao compararmos esses pacientes com animais de peso maior. Esse fato faz com que o anestesista tenha que estar 200% atento ao paciente e qualquer alteração em suas funções fisiológicas, pois as decições e atitudes devem ser tomadas também de forma muito rápida! Outro contratempo comum, devido ao tamanho é a hipotermia (normal em certos graus em qualquer anestesia), que nos pequeninos pode ocorrer de forma marcante não havendo o cálculo correto do fluido administrado e/ou seu aquecimento prévio para infusão endovenosa.
Estando o anestesista, atento a todos esses fatores, e pronto também para tomada de atitudes mediante qualquer imprevisto, esses procedimentos se tornam praticaveis com grande margem de segurança!
É importante essa compreenção por parte dos proprietários para que o medo da anestesia seja apenas aquele sensato (conhecido), já que, sempre existe o risco inerente a qualquer anestesia, mesmo que seja ele muitas vezes pequeno; e não o medo causado por crendiçes como a de que animais pequenos morrem na anestesia...ou que cães somente aguentam 40 minutos anestesiados!...São esses tipos de medo e falta de conhecimento técnico que faz com que os "pequeninhos" muitas vezes sejam operados nas condições que citei no início do texto, onde as alterações determinadas pela gravidade da doença pré-existente, aumentam em muito os riscos da anestesia!!


Portanto, aos proprietários que lerem essas linhas recomendo...ao observarem sinais de problemas em seus cães pequenos (e de todos os tamanhos) procurem por atendimento rápido para que os tratamentos sejam feitos de forma precoce e , se houver necessidade cirurgica, para que eles cheguem nesse momento sem muitas sequelas causadas pela cronicidade da doença. Recomendo também que conversem com seus clínicos veterinários de confiança e, na ocorrencias de dúvidas, procurem a opinião ou o atendimento de um anestesista veterinário capacitado para realização desse procedimento.


Abraços!






M.V. M.Sc. Jairo Ramos de Jesus