sábado, 21 de novembro de 2009

Odontologia Veterinária x Anestesia Veterinária


A odontologia veterinária é mais uma das especializações cada vez mais presente na atualidade de nossa profissão! Hoje em dia, já é clara a necessidade e a importância da saúde bucal para os cães e gatos. Seja para a preservação da arcada dentária ao longo da vida,o que ajuda muito a alimentação na fase geriátrica; seja para prevenção de doenças sistêmicas que podem se originar a partir do foco bacteriano permanente, que se constitue as bocas com doença periodontal (tártaro!). Dentre elas, posso citar como comuns as insuficiências cardíacas, por doenças valvulares causadas pela colonização bacteriana das válvulas cardíacas e; as infecções renais, causadas pelo menos motivo. Mas onde entra a anestesia nessa história toda?
Outro ponto importante a ser avaliado, são as possíveis alterações odontológicas em animais jovens. Como por exemplo, a persistência dos dentes de leite, os quais propiciam maior acúmulo de sugidades e, consequentemente, doença periodontal (tártaro e gengivite) ou, os problemas ortodônticos causados pelas más oclusões dentárias (mordida cruzada)...as quais causam dor a mastigação e muitas vezes perda de peso...Mas o que têm a anestesia a ver com tudo isso?
A anestesia veterinária é fundamental na odontologia veterinária, uma vez que todo o procedimento cirurgico, ...periodontia (limpeza de tártaro), ortodontia (colocação de aparelho) ou extração dentária necessitam de anestesia geral para sua realização, com eficiência. Infelizmente, é comum muitos "petshop´s" oferecerem "limpeza de tártaro" sem anestesia...com preço baixo. O que comunmente ocorre é, no máximo, a retirada do tártaro dos dentes incisivos e caninos (os da frente) em animais dóceis...que muitas vezes permitem, até mesmo, a extração desses dentes devido ao excesso de frouxidão dos mesmos. Porém, essa é uma limpeza ilusória, uma vez que o maior estrago ocorre abaixo da gengiva, onde fica o ligamento periodontal e onde a limpeza feita dessa forma não chega. Uma profilaxia dentária normal deve incluir a limpeza do tártaro visível e daquele que fica entre a gengiva e o dente (periodonto)...sendo esse o principal caudador da queda dos dentes. Essa limpeza exige anestesia geral, para que o paciente fique imóvel e sem sentir nenhum estímulo doloroso que posso ocorrer em decorência da manipulção dentária.
Dessa maneira, a anestesia para procedimentos odontológicos geralmente inclue técnicas de anestesia balanceada (dependendo do tipo de procedimento) e manutenção anestésica inalatória. A entubação (feita na anestesia inalatória) dificulta a aspiração de algum conteúdo liberado da limpeza, ou mesmo da água utilizada pelo equipamento de ultra-som (quando esse está disponível). Para extração dentária, pode ser utilizado tanto opióides (analgesicos potentes da classe da morfina) como bloqueios nos nervos da face responsáveis pela inervação da arcada dentária superior e inferior (parecido com a anestesia em odonto humana), fato que não descarta a anestesia geral...uma vez que o paciente precisa ficar imóvel e de boca aberta...
É claro que esse é uma procedimento anestésico que exige, na maioria das vezes, uma anestesia mais superficial (digamos "leve") quando comparada a anestesia para abertura de cavidades ou ortopedia; porém esse fato não aboli o risco inerente a todo o procedimento anestésico...como já falamos anteriormente em outras postagens.
Portanto, recomendo aos que lerem esse texto que procurem um médico veterinário especialista em odontologia (odontologista veterinário)para tratar da saúde bucal de seus animais de estimação...certemente este, se realmente especialista, terá um anestesista sempre trabalhando consigo. Além disso, recomendo que esclareçam suas dúvidas e anseios com o veterinário anestesista...afim de que fique claro os riscos e todo o funcionamento do procedimento que se pretende realizar!

abraços!

M.V. Jairo Ramos de Jesus

contato: vetjairo@gmail.com

domingo, 15 de novembro de 2009

Tamanho impede ou não a anestesia!?



Frequentemente encontro na minha rotina de trabalho alguns pacientes bem pequenos em situação crítica devido a infecções uterinas ou doenças periodontais graves por acúmulo de tártaro, só para citar 2 exemplos. Na maioria desses casos, isso ocorre devido ao medo dos proprietários em realizar uma profilaxia dentária ou uma ovariohisterectomia eletiva (castração em fêmeas) nesses animais, devido ao medo da anestesia, pois os mesmos acham que sendo seu animalzinho de estimação muito pequeno, não toleraram bem a anestesia!!
O que posso dizer, baseado em minha experiência, é que o pequeno tamanho preocupa mas não impede o procedimento....ou seja, tamanho não é documento! Tenho anestesiado animais com peso entre 1 kg - 1,5 kg para procedimentos cirurgicos diversos, e com a graça de Deus, com sucesso tanto para mim, quanto para meus colegas cirurgiões!
O que ocorre é que com o tamanho pequeno....e consequente, pouca massa corporal, as alterações anestesicas (troca de planos...aprofundamento anestésico...superficialização e etc.) ocorrem de maneira muito rápida ao compararmos esses pacientes com animais de peso maior. Esse fato faz com que o anestesista tenha que estar 200% atento ao paciente e qualquer alteração em suas funções fisiológicas, pois as decições e atitudes devem ser tomadas também de forma muito rápida! Outro contratempo comum, devido ao tamanho é a hipotermia (normal em certos graus em qualquer anestesia), que nos pequeninos pode ocorrer de forma marcante não havendo o cálculo correto do fluido administrado e/ou seu aquecimento prévio para infusão endovenosa.
Estando o anestesista, atento a todos esses fatores, e pronto também para tomada de atitudes mediante qualquer imprevisto, esses procedimentos se tornam praticaveis com grande margem de segurança!
É importante essa compreenção por parte dos proprietários para que o medo da anestesia seja apenas aquele sensato (conhecido), já que, sempre existe o risco inerente a qualquer anestesia, mesmo que seja ele muitas vezes pequeno; e não o medo causado por crendiçes como a de que animais pequenos morrem na anestesia...ou que cães somente aguentam 40 minutos anestesiados!...São esses tipos de medo e falta de conhecimento técnico que faz com que os "pequeninhos" muitas vezes sejam operados nas condições que citei no início do texto, onde as alterações determinadas pela gravidade da doença pré-existente, aumentam em muito os riscos da anestesia!!


Portanto, aos proprietários que lerem essas linhas recomendo...ao observarem sinais de problemas em seus cães pequenos (e de todos os tamanhos) procurem por atendimento rápido para que os tratamentos sejam feitos de forma precoce e , se houver necessidade cirurgica, para que eles cheguem nesse momento sem muitas sequelas causadas pela cronicidade da doença. Recomendo também que conversem com seus clínicos veterinários de confiança e, na ocorrencias de dúvidas, procurem a opinião ou o atendimento de um anestesista veterinário capacitado para realização desse procedimento.


Abraços!






M.V. M.Sc. Jairo Ramos de Jesus

domingo, 11 de outubro de 2009

Anestesia Veterinária








Atualmente encontramos uma medicina veterinária cada vez mais especializada, são veterinários de pequenos animais cirurgiões, oftalmos...neurologista e entre outros, os anestesistas! Lendo dessa forma, parece óbvio! Porém, destaco que ainda é comum o desconhecimento desse profissional especializado por parte da maioria dos proprietários de cães e gatos. Isso, aliado ao fato de que existem colegas veterinários que ainda, infelizmente, praticam o ato de anestesiar e operar ao mesmo tempo seus pacientes, corrobora para a desinformação.




Deixando a parte negativa de lado, podemos dizer que hoje a anestesia veterinária conta com uma série de equipamentos, medicamentos e técnicas anestésicas que torna a sua prática cada vez mais segura e confortável para o paciente e o seu proprietário.
O tão temido "medo de anestesia", comum em muitos proprietários, pode ser facilmente diminuido com uma boa avaliação pré-anestésica e através da solicitação de alguns exames!
É preciso que fique claro, existe um risco inerente a todo e qualquer procedimento anestésico, mas esse é um risco mínimo; onde se enquandram uma pequena porcentagem de animais que não toleram bem a depressão das atividades cerebrais (SNC) causanda na anestesia geral. Fora esse grupo, o risco é sempre menor quanto mais jovem e saudável é o paciente.
No quisito idade, tanto os animais muito jovens (recem nascidos) quanto os muito idosos, devido a imaturidade organiga no primeiro caso e ao envelhecimento, no segundo; apresentam risco anestésico maior uma vez que não metabolizam muito bem as drogas anestésicas.




Atualmente, com utilização da anestesia inalatória associada a anestásicos injetáveis, procedimentos em pacientes críticos, idosos ou cardiopatas tornam-se relativamente mais seguros e possíveis de serem realizados com segurança e risco aceitável aos pacientes; diferente do que ocorre com o uso restrito de técnicas anestésicas injétáveis.




É devido a todas essas nuanças e possibilidades que acho fundamental o conhecimento da existência de anestesistas veterinários. Quem não gostaria de ter junto ao seu animalzinho de estimação, um profissional capacidato presente somente para conduzir a anestesia do seu bichinho do ínicio ao fim!! Para quem não sabe, o anestesista veterinário deve estar presente antes do ínicio da cirurgia...avaliando clínicamente o paciente e escolhendo as drogas mais adequadas para o procedimento, controlando as funções vitais do paciente durante a cirurgia (trans-operatório) e acompanhando a recuperação anestésica...até que o paciente apresente condições fisiológicas que favoreçam o despertar completo conforme cada caso. Se cada um de nós, gostaria ou faz questão de conheçer o seu anestesista antes de qualquer procedimento cirurgico, porque com seus animais de estimação tem que ser diferente???




A partir de hoje, retomo a direção do blog (voltei a internet!rsrs), e tratarei de assuntos anestésicos nas mais diversas áreas (odontologia, ortopedia, cirurgia geral, radiologia) esperando contribuir com a divulgação da minha atividade profissional e ajudar em qualquer dúvida a esse respeito.








os contatos podem ser feitos pelo: vetjairo@gmail.com








Abs








M.V. M.Sc. Jairo Ramos de Jesus.




terça-feira, 14 de abril de 2009

Leishmaniose - Terceira parte

Bom, depois de participar do primeiro seminário a respeito do assunto aqui no Estado, posso informar que o RS tem 3 áreas transmissão confirmadas para leishmaniose visceral. São elas: São Borja; Porto Xavier e Uruguaiana. Nessa localidades o centro de estadual de vigilancia em saúde (CEVS) está trabalhando com todo o afinco, aprendendo a controlar e combater o problema na prática.
Fora essas localidades não há registros de casos humanos ou caninos da doença, portanto, os boatos da doença em Canoas ou qualquer outra localidade são falsos. Alerto para isso, porque não devemos estimular o medo e causar pânico através dessas informações descabidas. Ressalto mais uma vez, o mosquito, transmissor da doença não tem como caracteristica vôo longo, portanto não tem como sair de qualquer região das confirmadas e trazer a doença a Porto Alegre. Quem pode fazer isso, são os seres humanos infectados os os animais (fontes de infecção). Os últimos muitas vezes são removidos da área confirmada após o diagnóstico positivo, por seus proprietários que temem a eutánasia. Isso com certeza coloca em risco toda a população e atrapoalha o controle da doença, que vai se espalhando de forma inconsequente.

Com relação à eutánasia, essa ainda é usada em animais positivos e doentes, como maneira de controle e combate a reservatórios.

Na presença de caso suspeito o clínico veterinário deve confirmar o diagnóstico através de exame parasitológico (identificação direta do parasito em lâminas) e/ou sorológicos, podendo os mesmos serem enviados a laboratórios privados de referência ou ao próprio LACEN (laboratório central do Estado). Os casos suspeitos ou confirmados devem ser notificados ao CEVS. Por enquanto a notificação é compulsória, porém, existe a tentativa de torna-la OBRIGATÓRIA. Visando, aumentar as informações e combater e conheçer o comportamento da doença no EStado.

No momento, aos colegas médicos veterinários recomendo atenção a casos possivelmente suspeitos. Aos proprietários de animais, sugiro calma e que procurem informações em orgãos e profissionais confiáveis...não dando ouvidos a boatos infundados ou maldosos de quem só quer ganhar dinheiro, fama ou mesmo... criar confusão, fazendo o "circo pegar fogo".

Para aqueles que tiverem dúvidas ou maiores informações: vetjairo@gmail.com
Também sugiro o próprio site da secretária estadual de saúde - rs.


abraços!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Leishmaniose - segunda parte

Com relação a epidemiologia da doença, a Leishmaniose é considerada uma patologia cosmopolita, de distribuição mundial, não ocorrendo apenas na Nova Zelandia e ilhas da Oceânia. Mesmo assim, 90 % dos casos notificados estão concentrados em 6 países, dentre os quais se encontra o Brasil. Estando, os casos, vinculados a áreas mais pobres e de poucos recursos no quesito saneamento basico e coleta de lixo.

A patologia é considerada pela organização mundial de saúde (OMS) com a uma das principais doenças transmitidas por vetores no mundo. No brasil, a maioria dos casos ocorre nas regiões norte e nodeste. Até o ano 2000, o único estado da federação sem registros de casos originados no local( Autóctones) era o RS, sendo considerada área livre de risco transmissão. Porém, em 2002 foi notificado o primeiro caso autóctone da manifestação tegumentar da doença no município de Porto Alegre. Até 2005, já existiam 17 casos humanos confirmados em 3 áreas de foco: Porto Alegre/Viamão; Região das Missões (Rolante, São miguel e Santo Antônio das Missões) e Litoral (Capão da Canoa). Entretanto, não houve nesse focos confirmação da participação do cão como fonte de infecção principal, acreditando-se haver a participação de animais silvestres na perpetuação do ciclo, já que todos os casos ocorreram próximo a mata ou resquísios de mata nativa.

Os orgãos competentes , a partir da notificação dos casos da capital, tomaram as providencias cabíveis para o controle, combate e tratamento dos casos e da doença. Porém, em 2008, surgiu a confirmação do diagnóstico de Leishmaniose Visceral em um cão proveniênte de São Borja e, logo depois, começaram a ocorrer os casos humanos da doença na cidade. Fato alarmante, que colocou o sistema de saúde do Estado em alerta, visto que a manifestação visceral tem maior mortalidade quando não tratada, podendo levar a morte cerca de 80 % dos casos humanos não tratados.

Provavelmente, os cães errantes (de rua) e o domiciliado que foi o primeiro a ser diagnósticado, tenham se infectado a partir da proximidade de São Borja com a Argentina, local endêmico para a patologia. Dessa forma, não há relação entre os casos ocorridos da forma tegumentar da doença e sua apresentação visceral. Até porque, é importante a compreensão de que as espécies de Leishmania causadoras de ambas as manifestações clínicas são diferentes e que o mosquito vetor, no geral, não apresenta o vôo de longas distâncias como característica comportamental. Então, fica claro que a manifestação visceral entrou em nosso Estado de forma silenciosa e mais uma vez pegando os orgãos de vigilancia de surpresa.

Agora resta esperar as conclusões dos estudos epidemiológicos que visam conheçer o comportamento da doença na região, assim como, torcer para que as medidas de combate e controle presentes no manual do Ministério da Saúde tenham efeito positivo nesse foco visceral, controlando a disseminação da doença em nosso Estado.

Na proxima postagem, trago as novidades do encontro de classe, do qual já falei...e informações sobre vacinação e a polêmica da eutánasia de cães como forma de controle da patologia!

Abraços!

domingo, 5 de abril de 2009

Leishmaniose Viceral ou Tegumentar?...Que que é isso???



Escrevo sobre a doença na esperança de contribuir de alguma forma com os colegas clínicos veterinários e com os proprietários de cães e gatos, os quais já começam a correr até as clínicas a procura de vacinas e informações a respeito da Leishmaniose. Tomo a palavra a esse respeito com certa propriedade por ser esse o tema de meu mestrado. Portanto vamos lá!

Leishmaniose é uma doença causada por um protozoário conhecido com Leishmania. existem várias espécies pertencentes a esse gênero de parasito. A Leishmania para desenvolver seu ciclo de vida de forma completa necessita de 2 hospedeiros, um vertebrado e outro invertebrado. Entre os vertebrados podemos citar canídeos silvestres e domésticos(cães, raposas e etc), marsupiais (gambas, preguisas e etc), muarinos, equinos, suínos, roedores silvestes e domésticos, assim como primatas (macacos, bugios...). O hospedeiro invertebrado aqui nas américas e um mosquito pertecente ao gênero Lutzomya, conhecido também como flebotominio. Existem aproximadamente umas 70 espécies do gênero que já foram descritas como hospedeiros do parasito.

Uma caracteristica particular dessa espécie de mosquitos é o fato de que colocam seus ovos na matéria orgânica úmida...em decomposição(lixo, casca de arvores, folhas)! Esse detalhe faz com que as campanhas de combate a dengue, febre amerela e demais doenças transmitidas por mosquitos não funcionem para o controle de Leishmaniose, uma vez que, os vetores dessas colocam ovos na superfície da água. O período de maior risco de transmissão da Leishmaniose, ocorre do crepúsculo até por volta das 23 horas. Período em que as fêmeas do mosquito realizam a hematofagia, ou seja, se alimentam de sangue que é necessário para a postura dos ovos.

Simplificando, o ciclo se dá da seguinte forma: Ao se alimentar de sangue de um hospedeiro vertebrado, a fêmea do mosquito ingeri a Leishmania, que após alguns dias se multiplicando no intestino do inseto vetor, se torna infectante. A partir desse momento, quando a fêmea infectada faz nova hematofágia, trasmite o parasito para novo hospedeiro vertebrado, dando continuidade ao ciclo.

Clinicamente a Leishmanose têm 2 apresentações clínicas em humanos: Visceral, que produz lesões em orgãos como fígado, baço e rins. Podendo gerar, entres outros sinais clínicos, quadros de poliartrite, insuficiência hepática, renal e quando não tratada( em humanos), levando a morte.

Tegumentar: quando o parasito causa lesões exclusivamente na pele e mucosas. As lesões variam desde pequenas úlceras até lesões deformantes, envolvendo a perda do septo nasal e lábios, produzindo aspectos hanseníformes.

Em cães, a forma clínica e as lesões são similares as descritas anteriormente. Porém estudos indicam que até 40% dos caes infectados não apresentam sinais clínicos da doença. Ai surge um grande problema de saúde publíca, pois os animais infectados sem sinal clínicos são igualmente capazes de transmitir o parasito ao mosquito, sendo então consideradas fontes silenciosas de infecção. Outro agravante associado a isso é o fato dos cães serem os animais mais próximos das familias no grandes centros, facilitando a transmissão da doença. De agora em diante devido a importância dos cães como fonte de infecção, falaremos neles e em humanos na maior parte do tempo.

Originariamente a Leishmaniose era restrita a áreas de floresta, matas fechadas...num ciclo envolvendo apenas os mosquitos e os animais silvetres. Sendo comum sua ocorrência em militares, ribeirinhos e profissionais que de alguma forma entravam em contato com o ciclo silvestre da doença. Com o crescimento dos grandes centros...a expansão demografica desordenada e as desigualdades sociais, fizeram com que através de desmatamento, lotementos e construção de estradas, toda um urbanização ocorresse em áreas ou próxima de áreas antes silvestres. A partir desse ponto surge um novo ciclo de transmissão da doença, ciclo urbano...envolvendo, principalmente, as periferias das grandes cidades onde por falta de saneamento, acumula-se lixo e vive-se muitas vezes nas bordas ou resquísios da mata nativa e existem cães domiciliados e errantes. Nesse novo ciclo, não existe mais somente a participação de animais silvestres, assim como, a ocorrência não fica atrelada a profissão ou principalmente a homens. Esse é o ciclo mais atual da doença que frequentemente vem sofrendo modificações...devido ao comportamento dos centros urbanos.

Com relação ao tratamento, o mesmo é disponobilizado de forma gratuíta pelo SUS, somente para o tratamento de humanos. Sendo proibido o tratamento de cães com medicações destinadas ao tratamento humano liberadas pelo SUS.

O Ministério da Sáude não atoriza o tratamento de animais pelo fato de não haver confirmação de que o tratamento elimine o estado de portador do animail, assim como, por que estudos revelaram que cães tratados podem apresentar rencidivas. Acrescentando ainda, o fato de que os principais protocolos de tratamento para cães envolvem os antimoniais pentavalentes (drogas usadas em humanos e liberadas pelo SUS) em doses 10 vezes maiores que as utilizadas em humanos, ocorrendo o risco de seleção de parasitos resistentes. Fato que tornaria cada vez difícil o controle e tratamento em humanos.

Como medidas de controle em surtos da doença, o MS (ministério da saúde) recomenda: a autanásia dos cães sorológicamente positivos para o parasito; realização de ínquirito soroepidemiologico humano e canino na área de foco; notificação de casos humanos e veterinários aos orgãos competentes; uso de repelentes, coleiras repelentes em cães, mosquiteiros em casa e evitar acumulo de materia orgânica próxima as residências, assim como, evitar se expor no ambiente na hora de maior atividade do mosquito.

O diagnóstico da doença pode ser feita pela identificação do parasito em esfragaços sanguineos, aspirados de medula e biópsias de figado, baço e medula óssea, assim como, de linfondos. Pela indentificação de anticorpos, em exemes sorológicos como o ELISA, Imunofluorescência indireta e o PCR, e por técnicas de cultura em meios de cultivo ou pelo inoculçaõ em hamester, sendo os ultimos destinados mais ao meios acadêmicos.

Na próxima postagem abordarei mais a questão epidemiologica do RS e a situação emergêncial da doença no Estado....Terça-feira, temos reunião da classe médica veterinária em debate e esplanações sobre o tema...provavelmente traga a voces novidades...



Abraços!

segunda-feira, 16 de março de 2009

É a idade chega para todos!


Chega a ser engraçado, mas na realidade é triste! Hoje é meu terceiro dia envolvido com um problema renal no meu Cocker Spaniel de 13 anos. Tudo começou após uma profilaxia dentária...uma semana atrás. Seus exames estavam ótimos, inclusive sua função renal....Afinal 0,87 de creatinina "é rim de filhote". Porém, após alguns dias de apatia, falta de apetite e alguns vômitos, sua creatinina estava 2,45. Pra quem não sabe, creatinina é uma substância originada do nosso metabolismo que é 100% eliminada pelo rim, através da urina. Fato que faz com que a mesma seja utilizada como marcadora da função renal. Os valores normais de creatinina em cães variam de 0,5 a 1,5 g/dl. Acima desse valor, podemos considerar que o rim não exerce sua função com eficiência, sendo assim, surge a insuficiência renal, visto que, o acúmulo desse metabólito é tóxico para o organismo. A esse acumulo dá-se o nome de sindrome urêmica, tendo como sinal clínicos: vômito, perda de apetite, palidez de mucosas, anemia...
Tratamentos existem, mas a maioria é paliativo, quando a insuf. renal é crônica...Não se tem disponível ainda em grande escala...e até onde sei, não existe aqui no RS, diálise através de máquina...como ocorre em humanos. Portanto, através de fluidoterapia, o que se faz é tentar ajudar o rim a eliminar essa creatinina, filtrando-a do sangue e a eliminando na urina. Além de, tratamentos sintomáticos para as alterações decorrentes da patologia.

Pelo escrito acima, dá para ver que não se trata de qualquer doençinha e sim, de uma das principais patologias que levam animais em fase geriátrica a óbito! Por isso, hoje durante o tempo que passei com ele em fluidoterapia, fiquei pensando em como nos apegamos aos animais da mesma forma que nos apegamos a tudo que nos trás bem-estar, mesmo que isso seja efêmero. Nós seres humanos temos a capacidade de apegados, muitas vezes esqueçermos de que envelheçemos, os animais tb...envelheçem...Enfim o tempo passa! E é por isso que devemos vive-lo com intensidade, de acordo com o significado que cada um der a essa palavra, é claro.

Mas é humamente complicado o despertar dessa situação...é a mesma situação ou sentimento...penso eu, que passa pela nossa mente quando percebemos que nosso pai...mãe...ou ente querido qualquer....não apresenta mais aquela vitalidade de outrora, com a qual, inconscientemente sempre desejamos encontrá-lo. A mesma que nunca imaginamos que os mesmo perderiam...É essa "fragilidade" que chega muitas vezes a nos irritar...como se irritados com o ser amado...pelo fato de o mesmo estar doente...pudessemos faze-lo melhorar!
Ou que dessa maneira, produzissemos o animo necessário...para que eles melhorassem....voltando aquela imagem que nos é confortável... a de pais, entes queridos ou animais de estimação saúdaveis e perfeitos...Invencíveis pelo tempo que nos for necessário, para que continuem a nos dar carinho, afeto e segurança enquanto também envelheçemos...e às vezes não nos damos conta.

É uma situação comum, a perda... o medo da morte....que é a coisa mais certa de nossa vida...Porém, nos faz pensar e repensar no que fizemos e estamos a fazer com o tempo que nos é dado. Como disse o ditado de um filme clássico: "Tudo que nos resta e sabermos o que faremos fazer o tempo que nos foi dado".

Por isso, torço que os meus conhecimentos associados aos dos meus colegas de profissão, os quais têm me ajudado, possam trazer o alívio dessa situação ao meu "Budinho", ou pelo menos melhorar a qualidade de vida dele, pra que não sofra tanto enquanto for o tempo dele aqui nessa terra.

Além disso, deixo a mensagem...como lembrete pra mim e pra todos aqueles que lerem essas linhas...amem...hoje e durante todos os dias de suas vidas....Amem seus entes queridos....seus animais...enfim...amem a vida que o Criador de Tudo e de Todos nos deu...pois tudo têm seus tempo certo de começar e terminar....e o tempo passa....pra todos nós!!! Portanto, façamos bom uso do tempo que nos foi dado!!

Abraços!