terça-feira, 7 de abril de 2009

Leishmaniose - segunda parte

Com relação a epidemiologia da doença, a Leishmaniose é considerada uma patologia cosmopolita, de distribuição mundial, não ocorrendo apenas na Nova Zelandia e ilhas da Oceânia. Mesmo assim, 90 % dos casos notificados estão concentrados em 6 países, dentre os quais se encontra o Brasil. Estando, os casos, vinculados a áreas mais pobres e de poucos recursos no quesito saneamento basico e coleta de lixo.

A patologia é considerada pela organização mundial de saúde (OMS) com a uma das principais doenças transmitidas por vetores no mundo. No brasil, a maioria dos casos ocorre nas regiões norte e nodeste. Até o ano 2000, o único estado da federação sem registros de casos originados no local( Autóctones) era o RS, sendo considerada área livre de risco transmissão. Porém, em 2002 foi notificado o primeiro caso autóctone da manifestação tegumentar da doença no município de Porto Alegre. Até 2005, já existiam 17 casos humanos confirmados em 3 áreas de foco: Porto Alegre/Viamão; Região das Missões (Rolante, São miguel e Santo Antônio das Missões) e Litoral (Capão da Canoa). Entretanto, não houve nesse focos confirmação da participação do cão como fonte de infecção principal, acreditando-se haver a participação de animais silvestres na perpetuação do ciclo, já que todos os casos ocorreram próximo a mata ou resquísios de mata nativa.

Os orgãos competentes , a partir da notificação dos casos da capital, tomaram as providencias cabíveis para o controle, combate e tratamento dos casos e da doença. Porém, em 2008, surgiu a confirmação do diagnóstico de Leishmaniose Visceral em um cão proveniênte de São Borja e, logo depois, começaram a ocorrer os casos humanos da doença na cidade. Fato alarmante, que colocou o sistema de saúde do Estado em alerta, visto que a manifestação visceral tem maior mortalidade quando não tratada, podendo levar a morte cerca de 80 % dos casos humanos não tratados.

Provavelmente, os cães errantes (de rua) e o domiciliado que foi o primeiro a ser diagnósticado, tenham se infectado a partir da proximidade de São Borja com a Argentina, local endêmico para a patologia. Dessa forma, não há relação entre os casos ocorridos da forma tegumentar da doença e sua apresentação visceral. Até porque, é importante a compreensão de que as espécies de Leishmania causadoras de ambas as manifestações clínicas são diferentes e que o mosquito vetor, no geral, não apresenta o vôo de longas distâncias como característica comportamental. Então, fica claro que a manifestação visceral entrou em nosso Estado de forma silenciosa e mais uma vez pegando os orgãos de vigilancia de surpresa.

Agora resta esperar as conclusões dos estudos epidemiológicos que visam conheçer o comportamento da doença na região, assim como, torcer para que as medidas de combate e controle presentes no manual do Ministério da Saúde tenham efeito positivo nesse foco visceral, controlando a disseminação da doença em nosso Estado.

Na proxima postagem, trago as novidades do encontro de classe, do qual já falei...e informações sobre vacinação e a polêmica da eutánasia de cães como forma de controle da patologia!

Abraços!

Nenhum comentário:

Postar um comentário